Há três anos, numa das minhas incursões a Serrazes, fui conduzido até junto de um muro de pedra em pleno burgo, onde, dentre o granito azul predominante, se destaca uma pedra rosada que entra pela calçada abaixo. Gravadas tem algumas covinhas mas no seu lado direito, parcialmente enterrado no empedrado do caminho, revela um grupo de círculos concêntricos em tudo idênticos aos da Pedra da Escrita que dali dista em linha recta, cerca de mil e quinhentos metros.
O círculo exterior tem 40 cm. de diâmetro, mais 8 cm. que o maior – correspondente ao Verão – da Pedra da Escrita.
Sendo evidentes dois modos distintos de picotagem e dois níveis de erosão bem identificados que situam as gravações em tempos diferentes, colocou-se-me a questão se aquelas circunferências - dado o rigor imposto na sua feitura e o da sua geometria, sem dúvida saídos dos dedos da mesma família de artesãos - não teriam pertencido a uma tentativa, hipoteticamente abandonada, de produzir um outro calendário solar que a Pedra da Escrita teria vindo a substituir. Pura especulação, mas, até à sua confirmação devo contemplar todas as hipóteses.
Com a colaboração da Junta de Freguesia, procedeu-se no passado dia 6 de Julho aos trabalhos que se impunham: levantar a calçada para ver onde terminava a rocha para tentar perceber se fora para ali deslocada com o auxílio de uma zorra (era a hipótese mais plausível, pois existe outro pedaço de pedra com a mesma coloração no já citado muro), se ali teria estado sempre, ou ainda se haveria mais incisões.
Estas dúvidas foram prontamente dissipadas pelo aparecimento do corte da pedra em cunha larga, para ali transportada há cerca de um século, aquando da construção da casa que o muro cerca.
É nítida uma contida representação solar com três raios, numa capacidade de síntese impressionante.
A semelhança com os círculos da Pedra da Escrita é notória. Porém, no caso presente, porque se trata de um granito mais duro, os círculos, não tendo sido objecto de uma incisão tão profunda, são mais precisos.
Serrazes é uma terra com tradição no trabalho em pedra. Se, por um lado, a freguesia se desenvolveu graças a esse labor, por outro provocou a destruição de uma boa parte do seu património lítico, facto mais acentuado nas últimas décadas.
Neste sentido importa, em primeiro lugar, sensibilizar os responsáveis autárquicos para a importância da sua conservação, eventualmente com vista a um turismo cultural mais sensato que o da casca de melão que tudo leva à frente, tudo destrói.
O círculo exterior tem 40 cm. de diâmetro, mais 8 cm. que o maior – correspondente ao Verão – da Pedra da Escrita.
Sendo evidentes dois modos distintos de picotagem e dois níveis de erosão bem identificados que situam as gravações em tempos diferentes, colocou-se-me a questão se aquelas circunferências - dado o rigor imposto na sua feitura e o da sua geometria, sem dúvida saídos dos dedos da mesma família de artesãos - não teriam pertencido a uma tentativa, hipoteticamente abandonada, de produzir um outro calendário solar que a Pedra da Escrita teria vindo a substituir. Pura especulação, mas, até à sua confirmação devo contemplar todas as hipóteses.
Com a colaboração da Junta de Freguesia, procedeu-se no passado dia 6 de Julho aos trabalhos que se impunham: levantar a calçada para ver onde terminava a rocha para tentar perceber se fora para ali deslocada com o auxílio de uma zorra (era a hipótese mais plausível, pois existe outro pedaço de pedra com a mesma coloração no já citado muro), se ali teria estado sempre, ou ainda se haveria mais incisões.
Estas dúvidas foram prontamente dissipadas pelo aparecimento do corte da pedra em cunha larga, para ali transportada há cerca de um século, aquando da construção da casa que o muro cerca.
É nítida uma contida representação solar com três raios, numa capacidade de síntese impressionante.
A semelhança com os círculos da Pedra da Escrita é notória. Porém, no caso presente, porque se trata de um granito mais duro, os círculos, não tendo sido objecto de uma incisão tão profunda, são mais precisos.
Serrazes é uma terra com tradição no trabalho em pedra. Se, por um lado, a freguesia se desenvolveu graças a esse labor, por outro provocou a destruição de uma boa parte do seu património lítico, facto mais acentuado nas últimas décadas.
Neste sentido importa, em primeiro lugar, sensibilizar os responsáveis autárquicos para a importância da sua conservação, eventualmente com vista a um turismo cultural mais sensato que o da casca de melão que tudo leva à frente, tudo destrói.
Depois há que sensibilizar as populações – existe uma forte vontade da Junta de Freguesia que nesse sentido precisa de ser apoiada – para a circunstância de aqueles vestígios pertencerem aos seus antepassados; chamar a sua atenção para o facto de ao destruí-los, estarem a destruir os cemitérios dos seus antepassados, os ícones que veneraram, os instrumentos que conceberam para mais conscientemente amanharem a terra, da qual extraíram o sustento que os fez gente cujos descendentes são eles próprios.
Longo texto, mais um longo texto para um blogue. Mas também não venho todos os dias!
David de Almeida