Apanhado
pelo tufão, não vale a pena resistir-lhe.
Dado o
alerta, içado o primeiro sinal, dá-se um salto à livraria, passa-se pelo
supermercado e convidam-se alguns amigos para matar o tempo até que a
tempestade se desfaça ao entrar pela
terra dentro.
A prudência aconselha a que se protejam os
vidros das janelas com fita adesiva.
Um dia em
Macau ao entrar na câmara de acesso ao recinto fortificado da Guia, deparei-me com
os sinais indicativos da força dos tufões que, suspensos de uma robusta barra
de ferro, aguardavam a sua vez de serem içados um por um no mastro donde seriam
avistados de terra ou do mar.
Era como se
tivesse entrado na Caixa de Pandora
tendo tido, por momentos, a sensação de que, se batesse as palmas e os espantasse,
soltaria todas as tempestades.
Os bambus
ajoelhar-se-iam beijando a terra.
Os tufões
provocaram-me sempre um sentimento misto de receio e aventura. O receio
de os enfrentar e a aventura de os desafiar. Contagiado pela
magia que sobre mim exerciam ou pela imponente presença dos sinais que regularmente
visitava, realizei uma série de trabalhos que intitulei “Sinais de Tufão”.
Foi
apresentada em Macau em 1995 por iniciativa do IPOR – Instituto Português do Oriente.
Posteriormente
foi exposta no Círculo de Bellas Artes
em Madrid e no Museo del Grabado Español
Contemporáneo em Marbella.
Cascais
2013
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